domingo, 7 de fevereiro de 2010

clichê

era bonito vê-los juntos, intensa sintonia, forte troca de toques, muito sorrisos pra uma dupla só. sempre os observava da janela do quarto, tinha a impressão de assistir um daqueles filmes antigos nos quais as pessoas sentem, vivem, se apaixonam e amam de verdade. até nas trocas de duras e altas palavras e mágoas era perceptível notar todo o amor em que neles existia - no frio era ele quem ia se aconchegando em todos os pedacinhos vãos dela e ela que sempre tentava esquentar-se junto aquele corpo tão quente, durante e pós as lágrimas lavarem o rosto de ambos era sempre ele que fazia-a baixar a guarda, guardar o orgulho, deixar pra lá as preocupações, a envolvendo com aqueles braços compridos e as mãos brancas. era bonito vê-los chegar depois de dias exaustivos e encharcados pelas lágrimas do céu, rindo se aquecendo e se secando entre as brincadeiras e risos. eram muitos sorrisos para uma dupla só. diversas vezes os assisti tocar centenas canções, se encontrarem no mesmo tom, fazer amor na melodia.. o tom da voz dela doce como as frases de efeito que ele cantava baixinho perto do ouvido dela arrancando-lhe sempre um sorriso-beijo. sempre que os via atravessando a rua com as mãos lotadas de compras tinha vontade de para-los e dizer 'nunca se percam, não eixem essas pessoas tortuosas atrapalharem o caminho de vocês '. eles me sorririam, diriam que não iam deixar essa vida inconstante separá-los, mostrar-me-iam o circulo que envolvia um pedaço do corpo de cada um, 'uma aliança?' perguntaria, eles ririam e ele explicaria 'não, é um ciclo sem fim, como o que a gente sente um pelo outro.' e ela complementaria 'nosso amor é coisa de outra vida, são almas destinadas diversas vezes, paixões vividas por infinitas vidas, é algo que veio junto quando eu nasci, quando ele nasceu'. passaria,e confirmaria que eles eram mais fortes que o amor, e esse amor era mais forte que todos os deuses juntos.



'poden más que el amor, e son más fuertes que el olimpo', escrevi-lhes num bilhete que deixei em baixo do tapete. os vi sorrir,
ouvi ela ler alto para ele na cozinha 'o nome dela é luísa.. ela mandou um beijo.'

me mudei alguns meses depois, com o coração cheio de vontade de viver e ter sido predestinada a um amor como aquele.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

tou a procura de uma nova música, um novo poema, trecho de algum texto bonito pra tentar 'variar' um pouco o meu contínuo discurso. se eu fosse escrever, mais uma vez, algo sincero, de um lugar tão (pro)fundo do meu peito, sairiam as mesmas palavras, os mesmos desejos... e hoje me dei conta, só sei falar em/de amor pra ti porque ele é a única coisa que encontro quando me olho, me vasculho e te encontro em mim.