sexta-feira, 17 de setembro de 2010

meu sentimentalismo anda acabando com todos os meus muros internos, todos os meus certos e todos meus errados. ando divagando por meio de tantos pensamentos, tolos e levianos, que o coração insisti sobrepor sobre a mente. questionando-me sobre todos os sonhos solúveis que foram criados tão facilmente e riscados tão facilmente de tantas listas sonhadoras. ando sentindo-me perdida, vazia, fugitiva e mais, do que sempre fui, intocável. desvio-me de todas as possibilidades de perder a razão por segundos, porém me encontro constantemente estudando todos os meus traços mais humanos e dionisíacos. ainda me olho no espelho e continuo sem conseguir enxergar qualquer rosto - continuo sem poder ver a realidade, sem poder sentir os cheiros da podridão e do prazer. ao menos meus lábios já pararam de recusar sensações diversamente novas e palavras fortemente destruidoras - ainda que seja através dos meus dedos a forma mais contínua e sincera pela qual cuspo e vomito todas as minhas pequenas e tortas letras.

dois mil e...

antes de conseguir sonhar seus pensamentos voam por todas memórias. ela já tinha esquecido, mas eles trazem opostos sentimentos e desejos - que duram sete segundos cada. aí vêem seleções de pensamentos, lembranças, falas e escutas. os sonhos sempre a visitam toda a noite, as memórias são mescladas como as cores da primavera. tic tac, tic tac, tic tac. o relógio interrompe sonhos - já está na hora. como o clima naquela manhã ela foi esfriando, como o céu se fechando e a chuva era exatamente como as lágrimas fracas e finas que encheram seus olhos às dez e vinte. finalmente ouviu a voz que precisava, finalmente se deu conta do real valor de tudo. percebeu, enfim, que a maioria das coisas tem única utilidade e pouquíssimas conseguem ser realmente úteis. exatamente como seus alguéns, e ela sabe que só ela sabe de tudo sobre ela. finalmente sabe. mil razões, mil questionamentos, mil respostas, mil dúvidas, e a unica certeza de que deveria mudar. e mudar sempre foi sua maior rotina. assim como cegar-se sempre foi seu maior hábito, como tomar o café preto logo que acorda, pra vê se consegue acordar.comprimidos são seus maiores vícios, os que terminam a dor os que inibem a raiva os que ofuscam a solidão, e a ansiedade seu maior pecado. sempre assim. como um camaleão que muda de cor, ela muda de humor e de temperatura de acordo com a trilha, de acordo com as cores. mudar, mudar. rotina, rotina, rotina. tic tac, tic tac. tempo sempre determinante, sempre presente, sempre limitante. para disfarçar as lágrimas põe seus óculos de realidade, sem peneira pro sol nem filtros UVA, finalmente tudo não era enxergado embaçado. e a realidade começou a fazer sentido e parte de suas percepções. só observa, ela só observa. atos, palavras, planos, tempo. tic tac, tic tac, tic tac. sentimentos novos borbulham pelos poros e finalmente o frio na barriga não a faz transformar tudo em um casulo, aonde até então ela permaneceu intocável. levou tempo, sempre leva. tic tac, tic tac, tic tac e os sonhos acabaram.

sábado, 11 de setembro de 2010

desmoronamento

no momento em que senti seus dedos se cruzarem novamente com os meus comprendi que não posso exigir os mesmos sentimentos de um coração que eu mesma modifiquei. por tantas vezes perdi o racicínio tentando comprender o que se passava dentro de um peito tão quieto como o dela - diversas vezes acreditei vemente que nada existia ali dentro. eu sei, pode parece extremamente triste confessar isso. é difícil admitir a minha própria desconfiança em relação ao que lhe fazia viver, nunca a compreendi por inteiro, nunca a senti por inteiro. talvez ela nunca tenha sido inteira ao meu lado... talvez eu nunca tenha pedido isso a ela, também. não sei. não sei ao certo em que momentos fomos desaparecendo uma da rotina da outra, não sei ao certo o momento e o motivo pelo qual durante detestáveis manhãs não escutei sua voz me desejar bom dia ou me perguntar sobre o dia depois de exaustivas horas de trabalho.
ainda tenho dúvidas, mágoas, raiva e um amor doce guardado em algum lugar pra ela. ainda vou precisar de mais sete vidas para compreender aquele coração tão tortuoso e confuso quanto o meu.