sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

de que adianta o amor?

há as pessoas que nasceram pra amar, em contra partida há aqueles que nasceram pra ter amor na vida. há poucas horas eu tinha praticamente certeza, já que nunca se tem certeza de nada, de que eu tinha sido privilegiada e nascido pré-destinada aos dois. mas o destino muda em piscar de olhos. eu vivo me perguntando a cada hora que vai, cada mão quente que tenta esquentar a minha, cada sorriso que me provoca felicidade, cada espaço que é ocupado em minha vida, no meu coração... cada esperança que me vem ao viver dias em que parece que o amor reina por todos os meus lugares.. pra que e quem eu destino todo o amor que nasceu junto há mim há tanto tempo? preferia não pensar, não agir como os românticos de trinta.. não sofrer por esse mal e não querer morrer dele, por ele.. mas acho injusta a maneira como sempre o destino me prega uma peça, me faz perceber que talvez a minha vida seja menos dolorida sem esse mal que faz ela parecer mais completa. preferia que o amor só fosse um anexo, não um complemento. sinto dor, e um mal por não ser melhor do que eu sou, por não conseguir ser. minha história foi escrita cheia de medos, de receios, desconfianças e visões distorcidas sobre o verdadeiro amor - toda junção de sentimentos que ele é. e, finalmente, quando eu realmente sei que posso sentir todos esses sentimentos correndo pelas minhas veias, aquecendo o meu coração, algo faz o meu sangue querer parar de correr. e correr.. correr contra todos os desafios e empecilhos que a vida me prega, correr todas vezes vida me faz desacreditar no amor, é algo que vem cansando os meus músculos e as minhas esperanças. desafiar o mundo sozinha é algo que me faz perceber o quão pra ser amor precisamos ser dois. de que adianta eu ser a única por aqui que reluta, que luta, batalha, transpassa por cima de todos e tudo? de que adianta o amor nas horas em que o mundo todo é errado, os jovens não sabem absolutamente nada? de que adianta o amor aos 18, 20, 35, 50 aos 80? e quem sabe explicar o que é o amor? me dói pensar que talvez seja eu quem faça as escolhas erradas, seja eu que condicione esse destino 'amores impossíveis' para mim mesma. mas não sei o motivo pelo qual dessa vez eu verdadeiramente senti o meu coração bater por inteiro, não sei o motivo pelo qual dessa vez eu entendi o sentido de todas as minhas escolhas. talvez cortar o mal pela raiz seja mais seguro, menos dolorido, menos estressante e cause menos desentendimentos, problemas e brigas. até então praticidade sempre tinha sido a minha maneira de viver, meu lema.. até o dia em que eu senti o quão bom era poder se arriscar e sentir algo doce. 'viva a vida com mais praticidade e esqueça o quão inesquecível podem se tornar dias repletos de amor' acredito que seja esse o desejo da vida, que seja esse o destino que ela tanto deseja a mim. se for só pra doer, se for só pra testar, começar e terminar com a inércia de nunca ter aberto a boca pra protestar, a inércia de nunca ter lutado pelo real amor, pela liberdade que é amar... talvez se o amor na minha vida seja sempre uma sucessão de tudo que só faz meus pedaços de fé e esperança desaparecem, se para o amor eu nunca seja boa suficiente, talvez se o amor for tão impossível assim, ao contrário do que diz Verissímo, nem o tempo dê jeito em toda impossibilidade que sempre acaba por ser tornar meus amores... talvez o amor simplesmente não sirva pra mim. talvez toda essa força quem têm os meus sonhos e as minhas esperanças não sirvam pra curar a dor que é saber que se pode amar, que se é amada, mas quem isso não depende completamente da nossa própria vontade. nunca pensei que amar fosse doer tanto quanto hoje me dói, que fosse me revoltar tanto. não achei que o amor poderia tirar meu sono, minha paz, minha segurança, minha fé, e que ele podia ser tirado tão facilmente de mim. se for pra ver o amor sendo descamado pouco a pouco, sendo proibido descaradamente, se for pra ver o meu amor perder a fé e a certeza de que ele realmente foi encontrado, eu prefiro esquecer qualquer boa sensação que ele já me provocou e ser só mais uma dessas pessoas medíocres que tem o amor na vida mas não a capacidade de amar.

seguro

continuo a estranhar a maneira como tu persiste em ser a minha maior tentação. concordo plenamente com o que já me disse, e sei, sempre que eu não posso querer, eu te quero incontrolavelmente. entre nós nunca houve nada relacionado ao amor, e sim o desafio de não ligar para qualquer proibição ou impedimento - é sempre um desafio que nos faz quebrar as regras só para nos encontrarmos escondidos em algum lugar longe daqui. eu sei, sempre que tem alguém ao meu lado e te vejo, tu me dá aquele sorriso de canto e o apertãozinho habitual na cintura, uma vontade de te empurrar para um canto escuro e escondido e te ter pra mim, só por mais uma noite, toma uma conta absurda do meu corpo. te ver e te sentir me tocar são coisas que exigem um controle absurdo. lembro perfeitamente a primeira vez que te vi em um lugar longe de todas as minhas responsabilidades e compromissos, lembro exatamente a maneira como tu me olhou e logo me deu um beijo saciando toda a vontade que nós dois guardávamos há tanto tempo. e a sequência de noites que aconteceram, nós dois embriagados, cheios de calor daqueles dias quentes, cheios de vontade de aproveitar todas as oportunidades que tínhamos naquele lugar - era tão longe, e tão improvável que alguém pudesse descobrir ou suspeitar que nos encontrávamos, praticamente, todas noites para matar a vontade de coisas que não poderíamos fazer em outras oportunidades, em outros lugares. sempre achei graça da proximidade que temos, das risadas que provocamos um no outro, dos copos de bebida que já dividimos e da forma como eu não podia imaginar que um dia tu ia mexer tanto com meus desejos. continua sendo difícil e árduo o trabalho que eu tenho para tentar não lembrar da tua última noite junto a mim - e acredito não querer esquecer da minha disponibilidade de ir até a beira da praia de vestido só para sentar contigo na areia, sei que não quero esquecer de ti dividindo comigo o calor de uma fogueira ali na beira, muito menos quero esquecer da maneira como perdemos a hora, esquecemos do mundo real, e ficamos nos encontrando um no corpo do outro por tantas horas. nós dois sabíamos que seria a nossa última noite, lembro de tu me dizendo o quanto era ruim voltar para o mundo real. nós dois sabíamos que eu iria voltar e seguir com as coisas que tinha deixado pendentes, e isso era o motivo mais forte para nós não podermos mais relembrar os nossos dias quentes longe de tudo. não relembramos mais; mas tenho que admitir que vontade não me falta. e que dessa vez, talvez eu queira esperar um pouco mais. quem sabe, talvez, te ter de uma futura maneira em que não precisaríamos nos esconder, encontrarmo-nos em lugares escondidos, distantes ou escuros. talvez, minha vontade seja te ter de uma futura maneira em que eu possa te dar toda a paixão que ainda guardo. e, talvez, um dia, transformar todos esses desejos, essa paixão... em todo amor que sei que teu coração merece, e sei que o meu coração pode dar.

thunder

parece que aqui dentro simplesmente surgiram todas respostas, evoluíram e apareceram nos papéis todas as soluções que antes eu parecia procurar e achar nunca. o tempo sempre mostra, em relação a ti eu já tinha vivido e escrito isso. hoje eu sei, não foi o depois que nos tornou incapazes de voltar a ser nós dois, foi o meio pro fim que modificou o nosso mar de rosas para um mar turbulento e inseguro. nenhum de nós conseguia controlar o leme, as razões, evitar que tudo chegasse aonde chegou. e o fim de tudo foi nublado, úmido e ao mesmo tempo seco. não posso negar que eu esperei muito de nós, que eu acreditei quase por completa em uma reviravolta, em um ajuste, um conserto. mas o teu trovão sacudiu demais o meu mar, acabou e destruiu com o nosso barco e hoje eu não culpo mais a minha forte tendência de seguir com a correnteza sempre em frente. hoje eu vejo que quem nos estragou foram teus atos omitidos, tuas falhas não assumidas, e todas culpas infames que tentaste colocar nas minhas ondas. quem nos fez afundar não foram minhas tentativas de conversas e esclarecimentos, foram tuas omissões no papel de quem precisava escutar algo além do barulho aconchegador do mar.o teu maior problema nunca foi minha incapacidade de enxergar pelo espelho, e sim a minha capacidade de ver além dele.

aviãozin

não aguento mais sentir esse calor durante todas as minhas idas e vindas a todos os lugares cinzas e sem graça dessa cidade.
um aviãozinho, maior do que o que eu ganhei no meu último kinder ovo, levou toda graça dos meus dias para longe. e quando não encontro a minha graça preferida, fico tentando encontrar qual quer outra graça em brinquedos minúsculos - tão pequenos como a maneira que eu me sinto longe de ti. meu tamanho e minha força parecem ter reduzido 20 vezes; e mesmo assim minha vontade é grande demais para entrar no aviãozinho e voar para te encontrar. então, fico tentando colar aqueles adesivinhos, que mal cabem na ponta dos meus dedos, nas laterais do meu aviãozinho - tentando sentir o mesmo gosto que sinto quando te tenho colado às minhas laterais. e, juro, faço o maior esforço possível para enxergar todas as cores, que meu aviãozinho tem, nos dias em que não te tenho por perto - mas apesar de todo esforço, faz tempo que minhas semanas são cinzas e que o aviãozinho parece ir perdendo as cores. é irônica a maneira como ando detestando o calor atmosférico infernal que ronda meus dias e essa cidade tão longe de ti, e como eu adoro o teu calor corporal celestial. e essa falta das tuas cores, da tuas graças nos meus dias tem me dado uma tolice infantil - meu maior passatempo é fingir viajar com meu aviãozinho por todo o céu, que longe de ti é, cinza, te procurando em todas terras verdes, tentando achar o nosso encontro; achando assim as minhas cores preferidas. percebi que levaste meus focos de pensamentos e meu coração na bagagem, e que meu aviãozinho não é capaz de me levar até ti para busca-los de volta. ando tola, tão tola como a força do meu desejo de refrescar-me com o vento suave indo voando até ti; tão tola como a vontade de mergulhar num mar azul de um beijo gelado teu; tão tola quanto a minha imaginação fértil em relação a este aviãozinho de plástico tentando de alguma maneira te buscar e ter de volta o meu calor preferido.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

recomeçando o fim

nosso cotidiano, dividido assim tão próximo e de forma tão constante, só tem feito eu querer-te mais perto.ganhei um sentido completamente diferente as minhas manhãs e aos começos dos meus dias - me deste um gás e uma vontade incrível de querer parar meus sonhos e acordar para viver uma realidade, tão doce quanto um sonho, ao teu lado. sinto meu coração se preencher cada vez que te vejo sorrir e a cada bom dia acompanhado de um beijo que recebo de ti - em todas as minhas novas e boas manhãs. encontrei, pela primeira vez, um sentido novo a coisas que antes eram só obrigações e vontade de fazê-las melhorar para poder aproveitar meus intervalos de tempo junto a ti. no meu relógio sempre faltam dois minutos para te ver e no teu sempre faltam mais do que seis minutos. sempre eu perdôo teus atrasos e tu as minhas faltas, assim que encontramos-nos corredores a fora. tão bom poder viver um começo no fim de ano.

guia

o que, sempre, mais gostei em nós dois era a maneira como sabíamos de cor os mapas dos nossos corações e de nossos defeitos. tenho consciência total da incoerência irracional da minha maneira de ter um gosto especial pelos momentos em que eu conheci o pior de ti, e a forma estranha de como eles me fortaleceram. sempre gostei dos teus defeitos e das tuas julgas aos meus atos impulsivos. sempre gostei de tirar do sério, da sanidade, da razão. meu prazeres maiores sempre foram as brincadeiras e os meus mistérios que sei que te incomodam tanto, e que sempre me fazem rir das tuas reações. como sei, que sempre, gostaste de me tirar de mim, e sei o quão bem faz ao teu ego saber que certas palavras tuas arrancam suspiros e pedaços dos meus pulmões. nossos jogos sempre foram os mesmos, minhas peças as palavras e as tuas atitudes. talvez por esses, e tantos outro motivos, nos completamos como o branco e o preto, o queijo e a goiaba. mesmo que tenhamos gostos culinários inversos, sempre soubemos nos completar nos olhares e nas palavras - se faltava uma na minha boca logo ela pulava da tua. sei o quão irritante sou nos meus contínuos momentos inquietos em que meus barulhos em tons mais baixos tiram tua concentração e fazem-te querer esganar-me, mas eu tenho verdadeiro gosto por ver-te desarmado depois de um sorriso meu e um pulo teu sobre o meu corpo, no meio dos meus braços. admito que meu prazer maior sempre foi te tirar do lugar aonde devias permanecer com tua postura de bom moço, e te por aonde eu sempre quis ter-te: no lugar que só tu ocupas como um bom amante. eu prazer maior sempre foi te tirar do lugar aonde devias permanecer com tua postura de bom moço, e te por aonde eu sempre quis ter-te: no lugar que só tu ocupas como um bom amante.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

capuccino

alguma coisa nessa milhares gotas de café juntas, as 6 e 45 da manhã, me traz pedaços de nós dois. talvez pelo aroma, o cheiro forte que me levam sem duvidar a essa xícara, como o teu cheiro sempre me levou até o encontro dos nossos corpos. talvez, eu lembre por tu seres o único a agüentar meus mau humores matinais - que se prolongavam pelo dia a fora - até o momento em que o teu abraço me prendia forte. e como o esforço que cada contração dos meus músculos ainda adormecidos exige eu me lembro todos os esforços que a nossa história exigiu, lembro das inúmeras vezes que eu tive vontade de desistir daqueles dias, virar pro lado e adormecer, fingir estar tudo bem - mais cinco minutos e eu escutava o meu despertador desesperado gritar pedindo para que eu não desiste de um amor assim feito o nosso. feito amanhecer na praia, feito aurora clara. despia o pijama e deixava junto com ele qual quer vontade de não fazer a nossa história acontecer, acordava sem saber como seria olhar dentro dos teus profundamente escuros olhos e ver - o que a minha certeza diz que só eu vejo - aquele brilho esperançoso me pedindo alguns segundos de amor. e os nossos segundos contados, entre corridas e tantas outras coisas, sempre eram complementos - e foram eles que me fizeram persistir por tanto tempo - para minha alma, pro meu bem. foram algumas tormentas nas madrugadas, algumas chuvas que alagaram nossos queixos, pescoços e peitos de lágrimas, algumas noites mal dormidas, mal faladas, mal explicadas, que hoje nos amadureceram. nunca vi tanta intensidade e vida em duas pessoas juntas, tanta sintonia, vontades repentinas e loucuras paralelas. nunca vivi tanto amor em tão poucos dias. é uma pena que hoje é meu único dia de folga na semana e que eu realmente precise voltar para a cama, sonhar algum sonho bom - talvez só para trazer de voltar minhas lembranças preferidas. todas nossas histórias vividas por esquinas da cidade, noites a dentro, vividas entre toques fortes e singelos beijos na ponta do nariz. nesse recém começo de dia meu desejo é um adormecer só para recordar o quanto é bom te ter tão perto, o quão é gostoso acordar as 6:45 tomar uma xícara de café, ser levada até a cama pelo teu cheiro e te encontrar lá com os olhos escuros tranquilamente fechados sonhando os nossos sonhos.

morning

todas as coisas tem seu tempo, seu devido lugar e seu valor.' foi algo assim que eu ouvi caminhando em um parque, me encontrando no conforto de um abraço e na segurança de duas mãos dadas, não me esqueço como o sol estava especialmente reluzente. minha atenção, alma, e pensamentos voando alto com todas minhas confusões. e nós dois desejando as coisas de acordo com as fases da lua, mas no fim... sempre se achando entre um luar e outro.

carnaval

foram algumas doses, alguns sorrisos e danças. mal lembro o exato instante e como aconteceu. quando percebi teus dedos se confundiam com os meus e o calor da tua mão aquecia a minha.
e foi assim tão de repente... me deu um sorriso e logo depois um beijo. longo, encaixado e no fundo com gosto doce da tua loucura que só eu senti. e meus lábios dormentes, minhas mãos medidamente menores ficaram brincando no teu rosto e no teu corpo. mesmo com a fumaça dos cigarros, com as luzes psicodélicas e as músicas incoerentes me encontrei em ti por um curto tempo de uma única noite. e isso eu lembro e isso eu sei, meu gosto por coisas únicas.

domingo, 25 de janeiro de 2009

mesmo lado

enquanto me dirigia ao tal local onde iríamos nos reencontrar, encher nossos corpos de alcool, rir do passado, e causar constrangimentos um no outro... fui relembrando o quanto o meu coração havia se enchido durante todo o tempo que dividimos. era estranha a sensação que habitava-me, e no momento em que mirei seu sorriso abrindo-me porta, meus nervos simplesmente descansaram em paz. meu passado descansou em paz; foram horas, copos transbordando, repetidas cenas e canções, risadas.. e quanto mais ouvia ,novamente sua, voz, e sentia seu novo cheiro, mais me parecia irônia do destino tudo aquilo acontecer. pra ela, sempre pareci exageradamente acreditado do amor, das loucuras que ele faz-nos cometer, e de todos os clichês básicos que eram sempre redigidos nos seus livros preferidos, suas músicas mais ouvidas.. sabemos como era exatamente assim. quando juntos, uma força maior, uma crença maior fazia-me pensar que ao lado daquele estreito e elétrico corpo eu enquanto me dirigia ao tal local onde iríamos nos reencontrar, encher nossos corpos de álcool, rir do passado, e causar constrangimentos um no outro... fui relembrando o quanto o meu coração havia se enchido durante todo o tempo que dividimos. era estranha a sensação que habitava-me, e no momento em que mirei seu sorriso abrindo-me porta, meus nervos simplesmente descansaram em paz. meu passado descansou em paz; foram horas, copos transbordando, repetidas cenas e canções, risadas.. e quanto mais ouvia ,novamente sua, voz, e sentia seu novo cheiro, mais me parecia ironia do destino tudo aquilo acontecer. pra ela, sempre pareci exageradamente acreditado do amor, das loucuras que ele faz-nos cometer, e de todos os clichês básicos que eram sempre redigidos nos seus livros preferidos, suas músicas mais ouvidas.. sabemos como era exatamente assim. quando juntos, uma força maior, uma crença maior fazia-me pensar que ao lado daquele estreito e elétrico corpo eu poderia dar jeitos em tudo e todos, e ficar por mais tempo me perdendo nessa grande cidade, naquele grande amor. sempre soubemos de toda intensidade avassaladora que tinham os nossos antigos sentimentos, e estranhei não vê-la dar-me uma abertura se quer aquela noite. mas ela sempre foi assim, cheia de si, cheia de segurança e com sua postura impecável; impecável é o melhor adjetivo para defini-la, sem dúvidas. ela não mentia, não traia, não sabia arrotar, mal falava palavrões, e o que sempre mais me irritou, não demonstrava ciúmes. justo para mim, o ser humano mais inseguro e carente da crosta terrestre. os nossos novos momentos juntos foram engraçados, e acredito ter me instigado sua nova maneira de se portar e o seu mais novo hábito de falar tudo que vinha à mente. ela sempre soube me assustar, fazer meus desejos falarem mais alto, fazer-me ser quem eu realmente sou. e eu.. eu nunca soube ao certo o que eu pude causar nela. sei que dessa vez, eu consegui vê-la mais de perto, de uma forma mais real, menos perfeitamente impecável como ela sempre parecia-me. engraçado, nossa longa conversa sobre os acidentes desastrosos do novo milênio, sobre o novo presidente, sobre assuntos aleatórios que sempre acabavam nos trazendo alguma lembrança do assunto mais mal resolvido da minha, e dela também, história. acabávamos sempre em nós, e ela sempre desviava o olhar após me dar alguma alfinetada e algum risinho sarcástico. goles, porres, e alguma coisa em mim, mesmo sem querer, fazia-me tentar agradá-la a todo o instante.. acredito que era o desejo de recuperar o tempo perdido, o contato perdido, as palavras perdidas e nosso tempo deixado de lado. o sono vinha chegando, não consegui resistir o seu colo sempre quente e macio, lhe fiz dois pedidos. sempre com receio, ela realizou apenas um. no momento em que senti seus dedos brincando pelos meus fios senti um conforto pelo corpo inteiro, o sono ia tomando-me conta, mas eu não desejava dormir. não queria deixá-la sozinha na escuridão mais uma vez, mas como sempre, ela disse-me para dormir.. deixar descansar mais uma vez os nossos peculiares momentos e recordações.. eu sabia que se eu dormisse, ela iria embora logo em seguida e perderíamos mais anos ou séculos de contato, e como me fazia falta ter aquele con-tato dela. mais algo dizia-me que seria tão mais seguro dormir ao invés de mirar, de novo, tão de perto aqueles olhos curiosamente puros. adormeci com aquele tato, toque sob meus cabelos, e nem a vi partir. até hoje me amarga esse gosto que permanece aqui, por todas as vezes que deixei-a escapar tão facilmente, tão despreocupadamente.. entre os dedos, por tantas vezes. me amarga eu ser o culpado por todas as não realizações dos nossos sonhos, da nossa promessa. me amarga por saber que nunca irei conhecer outro alguém assim, me amarga não conseguir deixar claro a ela que a nossa história marcou-me muito além do que os olhos delas, e dos outros, podem ver sob meu corpo, sob minha pele.
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faz tanto tempo...
essa noite uma carência surreal tomou conta dos meus sentidos- faltava-me teu paladar, teu cheiro, tua voz, teu toque. entrei em meu quarto e o calor dos nossos corpos permanecia entre os teus cheiros nos meus lençóis, tuas palavras nos meus ouvidos, teus toques no meus contornos. primeira vez que eu realmente paro e dou-me conta da falta de ti em mim. faltou-me por alguns segundos minha mania racional, ao extremo, de sempre ocupar meus espaços, meus tempos livres, assim, evitando ao máximo o reconhecimento de toda saudade que só tu me fazes sentir. meu controle fugiu e eu pude perceber - como tu sempre fizeste eu perceber - o quão é fácil para ti arrancar-me um sorriso, uma gargalhada deliciosamente sincera, como a ti sempre foi simples fazer-me menos dura. essa noite eu durmo com a saudade ao lado, talvez tentando encontrar em um vazio e desumano abraço no segundo travesseiro um pouco de ti.

linha

andei pensando em muitas coisas para te dizer, muitas formas de te falar sobre todos esses sentimentos que explodem em mim e até demonstrá-los para ti... mas de um jeito que não seja apenas usando palavras, artimanhas, e todos os clichês que normalmente se usa. principalmente ao te falar sobre qualquer sentimento que se mantém vivo - até mesmo contra minha vontade - dentro de um lugar que nem mesmo meu maior desejo, maior força ou tempo conseguiu tirar. queria conseguir mostrar o que eu sinto como, muitas vezes, tu fazes... diriges algumas palavras, na maioria das vezes, nem termina as frases e me olha do jeito que sempre olhou e isso consegue me fazer entender qualquer tentativa de demonstração ou de fugas das palavras da tua boca. não sei bem ao certo o que tem dentro de mim ou em ti, no teu jeito e sorriso, que me prende tanto a essa história, a essas memórias e sentimentos.queria descobrir o que faz com que eu me sinta voltando ao tempo quando me encontro ao teu lado. não sei, também, como te descrever a forma quando, às vezes, sem perceber eu fico perto de ti 'não te vendo', 'não te ouvindo' só sentindo essa overdose de-mistura-de-sentimentos que borbulha dentro de mim. mesmo cheia de dedos, cuidados e tentando ir com calma total quando eu estou ao teu lado eu me sinto como se eu estivesse caindo em um abismo totalmente sem controle e sem medo - não me importa amanhã ou qualquer julgamento alheio. apenas me importa aquele momento e toda intensidade dos sentimentos que só tu provocas em mim. achei que nunca mais nossos caminhos e vidas fossem se cruzar, e cá estamos, dividindo histórias, experiências e vida de novo. de um jeito diferente, mais coerente e menos infantil - ao menos o meu coração espera. mesmo que eu tente agir como se tivesse vivido anos luz, quando eu vejo meu reflexo dentro da mancha verde do teu olho e o brilho que o teu olhar tem, eu volto mil anos luz no tempo e fico com aquela alegria pura como uma criança sensível. eu fico sem saber o que dizer, fazer, a voz pára e congela no ar... e só o contorno dos teus ombro e o modo como eu consigo me encaixar neles me paralisa e me dá a sensação de que eu poderia ficar ali por mil séculos... assim, sentindo o teu calor, o teu cheiro, te sentindo. e é assim quando eu te abraço: sensação de proteção e uma ligação inalteráveis que tomam total conta de mim - uma paz e calmaria indestrutíveis. palavras congelam, o tempo pára e parece que todo o universo gira a favor para que nossos momentos sejam perfeitamente inacreditáveis. melhor ainda é quando eu consigo deitar e escutar os batimentos dentro do teu peito sincronizados com os meus... e o meu coração acelera sempre que eu te vejo, fica ali batendo, misturando, bombeando todas essas sensações que correm nas minhas veias por todo o corpo e que me mantém viva. eu sei que tu és parte da minha história, mas eu sinto mais ainda que tu és parte de mim. uma parte que soma cor e alegria aos meus dias, pensamentos bons à minha mente, lembranças que dão frio na barriga e me deixam com um sorriso tolo por todo o lugar aonde ando. enche meus dias com tuas brincadeiras, com teu carinho, com tudo o que eu mais gosto em ti e no mundo. sabes que eras e és muito mais que uma linha no meu livro, e se fosse uma linha apenas és e fostes única. mas dessa vez eu quero apagar a linha, todas as outras linhas que existiram e poder te escrever numa folha totalmente branca e nova, numa folha reciclada aonde permanecem as boas intenções e lembranças, e aonde pode ser escrita muito mais que uma linha uma história nova, a que nós quisermos.