sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

seguro

continuo a estranhar a maneira como tu persiste em ser a minha maior tentação. concordo plenamente com o que já me disse, e sei, sempre que eu não posso querer, eu te quero incontrolavelmente. entre nós nunca houve nada relacionado ao amor, e sim o desafio de não ligar para qualquer proibição ou impedimento - é sempre um desafio que nos faz quebrar as regras só para nos encontrarmos escondidos em algum lugar longe daqui. eu sei, sempre que tem alguém ao meu lado e te vejo, tu me dá aquele sorriso de canto e o apertãozinho habitual na cintura, uma vontade de te empurrar para um canto escuro e escondido e te ter pra mim, só por mais uma noite, toma uma conta absurda do meu corpo. te ver e te sentir me tocar são coisas que exigem um controle absurdo. lembro perfeitamente a primeira vez que te vi em um lugar longe de todas as minhas responsabilidades e compromissos, lembro exatamente a maneira como tu me olhou e logo me deu um beijo saciando toda a vontade que nós dois guardávamos há tanto tempo. e a sequência de noites que aconteceram, nós dois embriagados, cheios de calor daqueles dias quentes, cheios de vontade de aproveitar todas as oportunidades que tínhamos naquele lugar - era tão longe, e tão improvável que alguém pudesse descobrir ou suspeitar que nos encontrávamos, praticamente, todas noites para matar a vontade de coisas que não poderíamos fazer em outras oportunidades, em outros lugares. sempre achei graça da proximidade que temos, das risadas que provocamos um no outro, dos copos de bebida que já dividimos e da forma como eu não podia imaginar que um dia tu ia mexer tanto com meus desejos. continua sendo difícil e árduo o trabalho que eu tenho para tentar não lembrar da tua última noite junto a mim - e acredito não querer esquecer da minha disponibilidade de ir até a beira da praia de vestido só para sentar contigo na areia, sei que não quero esquecer de ti dividindo comigo o calor de uma fogueira ali na beira, muito menos quero esquecer da maneira como perdemos a hora, esquecemos do mundo real, e ficamos nos encontrando um no corpo do outro por tantas horas. nós dois sabíamos que seria a nossa última noite, lembro de tu me dizendo o quanto era ruim voltar para o mundo real. nós dois sabíamos que eu iria voltar e seguir com as coisas que tinha deixado pendentes, e isso era o motivo mais forte para nós não podermos mais relembrar os nossos dias quentes longe de tudo. não relembramos mais; mas tenho que admitir que vontade não me falta. e que dessa vez, talvez eu queira esperar um pouco mais. quem sabe, talvez, te ter de uma futura maneira em que não precisaríamos nos esconder, encontrarmo-nos em lugares escondidos, distantes ou escuros. talvez, minha vontade seja te ter de uma futura maneira em que eu possa te dar toda a paixão que ainda guardo. e, talvez, um dia, transformar todos esses desejos, essa paixão... em todo amor que sei que teu coração merece, e sei que o meu coração pode dar.

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